Revista Segurador Brasil

AIDA realiza palestra sobre Inovação em Seguros Saúde

Palestrantes abordaram os conceitos e a relação da inovação com a saúde suplementar, os desafios, mitigação de riscos e a prática

Na última quarta-feira (09), a Associação Internacional do Direito do Seguro – AIDA Brasil – promoveu palestra com o tema “Trazendo o futuro para o agora: Inovação em Seguros Saúde”. Composto por três painéis, o evento foi apresentado e moderado por Lidiane Mazzoni e teve a participação de Milena Fratin, vice-presidente de eventos da AIDA e presidente do GNT de Seguro Saúde, respectivamente.

Contou com as presenças de Angélica Carlini, presidente do GNT de Novas Tecnologias e Inovação, Leandro Ejnisman, Médico ortopedista e Co-fundador do Hackmed e Nityananda Portellada, DPO e Security Officer no Hospital Infantil Sabará, como palestrantes.

O evento começou com uma introdução de Angélica Carlini, que abordou os conceitos de inovação e a relação com a saúde suplementar. Em seguida, Nityananda Portellada trouxe os desafios relacionados a questão da inovação e como mitigar riscos. Por fim, Leandro Ejnisman discorreu sobre como colocar a inovação em prática. Em sua prévia apresentação, Angélica Carlini fez observações e provocações sobre a inovação no setor de saúde suplementar. Quando se fala em inovação a maioria das pessoas pensam em produtos, dispositivos instrumentos e em coisas materiais de forma geral. Entretanto, a definição de inovação se estende para outras áreas que não seja a fabricação de dispositivos. Há possibilidade de inovação na regulação, na gestão e na autonomia, pelo menos quando se trata de saúde e principalmente saúde suplementar.

“Não podemos pensar em inovação apenas relacionada a novas tecnologias, mas também a vida prática. Vejo a saúde suplementar como um setor que necessita urgentemente de um choque de inovação. Um setor que insiste em refutar as inovações na área da gestão da regulação e da autonomia do sujeito”, frisou Angélica.

Em sua apresentação, a professora falou sobre os estágios de ensaios clínicos, a coleta de dados da indústria farmacêutica e compartilhamento de risco que, para ela, é mais do que justo, por um tempo, até que se colete dados sobre a utilização efetiva. Testes, ensaios, estudos sobre compartilhamento têm sido feitos em todas as partes do mundo. No entanto, aqui no Brasil são poucas as tentativas e todas elas basicamente são rechaçadas pelas dificuldades. “Nós precisamos começar. Ainda que com poucos índices, com poucos dados para monitoramento, mas nós precisamos começar, sob pena de chegar à impossibilidade de custeio desses medicamentos, exatamente em razão do custo que eles têm e da população de menor alcance, de menor número”, sinalizou.

Para Carlini, a área de gestão também necessita de inovação no que diz respeito a liberação de ofertas das operadoras de saúde. Segundo ela, temos um sistema extremamente rígido, que permite oferecer muito pouco aos consumidores. Como as operadoras estão presas a esse sistema, existe uma quantidade enorme de oferta de produtos em saúde privada que não pertencem a regulação da saúde suplementar.  Na visão de Angélica, é necessário um choque de inovação na regulação, que coloque na saúde suplementar a análise de impacto e de resultado regulatório como absoluta prioridade. Também na área de regulação a advogada defende a necessidade de abandonar algumas retóricas e trabalhar com uma visão mais prática das coisas. Angélica concluiu sua participação falando sobre a autonomia do sujeito. “Essa efetividade dos direitos sociais nos custou em autonomia. De certa forma, somos todos vulneráveis. O problema é se perde a autonomia do sujeito. E hoje se sabe que o sujeito é fundamental na administração da sua própria saúde”, alertou.

Para Nityananda Portellada, apesar de parecer um contrassenso, do ponto de vista técnico a inovação não tem nada de novo. O computador e os dispositivos portáteis não são ideias novas. Talvez o tamanho tenha diminuído e a capacidade aumentado, mas o conceito, inclusive matemático, é o mesmo. O que mudou, o que nos traz uma revolução tecnológica é o celular, os dados. Antes não havia meios de se massificar a coleta de dados, os dispositivos para o número grande de pessoas, para que isso nos trouxesse conhecimento. É com base nesse conhecimento que conseguimos avançar significativamente em áreas como machine learning e inteligência artificial. Essa captação massiva de dados, que foi possível com a diminuição dos circuitos, e o aumento da velocidade da internet, fez com que nós conseguíssemos em todas trazer novos métodos de trabalho e novas metodologias que mudam é muito o paradigma da saúde, da saúde suplementar e até da medicina.

É fundamental inovar, criar novos métodos tecnológicos e de gestão para aprimorar o cuidado de saúde, o cuidado básico e a gestão de saúde, inclusive a gestão financeira. O custeio do procedimento está incluso na tutela da saúde. “E temos como principal o risco o da própria inovação, de uma tecnologia que não é necessariamente bem ingerida, um risco de segurança na verdade, de tecnologia. A saúde suplementar é importantíssima nesse aspecto. Se nós tivermos toda essa massa de pessoas que estão na saúde suplementar o sistema público simplesmente entrará em colapso. Então saúde suplementar e Saúde Pública também”, reafirmou.

Portellada, salientou também que inovação e mudanças trazem riscos. Uma nova tecnologia traz novos conhecimentos novas preocupações que só são descobertas depois de implementadas. Falando das inovações mais recentes, destaca-se o 5G como um grande motivador dos dispositivos portáteis médicos, que passam a ser integrados na rede, o que traz riscos de invasão, atrasos na tomada de decisão, erro e, consequentemente, culminar na morte do paciente. São diversos riscos, preocupações que essas inovações trazem para as equipes de TI e para a equipe de gestão daquele ambiente, seja ele hospitalar ou de uma operadora de saúde.

Nos dias de hoje, na era digital, segurança da informação é obrigação. E a LGPD traz muito bem isso quando fala do princípio da segurança da informação, que é a prática de gestão da informação. No que diz respeito aos impactos na área da saúde suplementar, o palestrante informou que existe por normativo uma responsabilidade compartilhada entre os controladores e operadores dessa informação ou entre os controladores e co-controladores, que é o caso de um estabelecimento hospitalar e um plano de saúde/operadora. Isso significa que qualquer vazamento que possa por acaso ocorrer é responsabilidade de todos. Existem ainda muitos outros perigos.

Existem preocupações que devem acompanhar a inovação. Isso não quer dizer que ela deva ser impedida ou freada. Muito pelo contrário. Ela deve ser incentivada, mas com muita responsabilidade. É importante que haja também a preocupação com a segurança do ambiente. “A gente tem também, nessa inovação, um risco regulatório, uma má interpretação da LGPD. A lei e os riscos não devem ser entraves para a inovação. Entretanto isso deve ser computado, deve ser colocado em planejamento, inclusive financeiro”, orientou.

No painel “Inovação: do Papel a prática”, o Dr. Leandro Ejnisman falou sobre inovação incremental e disruptiva. Inovação é um processo, e como tal, pode ser aprendida. É dar um passo, tomar uma atitude em relação a uma ideia simples e desenvolvê-la para fazer algo que impactar o local de trabalho, uma cidade, um País ou até mesmo o mundo. “Uma das coisas que eu acho mais interessante em relação ao conceito de inovação é você tentar resolver uma dor do usuário. Seja ela do médico em relação a algo que eu esteja ocorrendo em seu consultório, do paciente que tenha dificuldade de receber suas receitas médicas, da saúde suplementar, por exemplo, um convênio que tem dificuldade de lidar com os reembolsos dos pacientes etc”, explicou.

A partir desse conceito o médico enumerou sete outros conceitos de inovação que ele considera interessantes. Ao final de sua apresentação, também falou de seus projetos e iniciativas ligados a inovação na área da saúde, como, por exemplo, a startup Lonvi e o Hackmed, maior comunidade de Hackers da Saúde do Brasil, que se fundamenta em três pilares: inspiração, educação e construção.

Assista a live completa no canal da AIDA

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