O Centro Internacional de Longevidade do Brasil (ILC-BR), em colaboração com o Grupo Bradesco Seguros, e a UniverSeg, encerrou no fim da tarde do dia 23 de novembro o VI Fórum Internacional da Longevidade, que foi realizado no Rio de Janeiro. Com o tema “Desenhando o futuro da longevidade”, o evento reuniu especialistas e personalidades nacionais e internacionais, que apresentaram pesquisas, experiências e reflexões para uma plateia formada por gerontólogos, profissionais da área de saúde, estudiosos da longevidade e autoridades públicas de diversas áreas.
Para Alexandre Kalache, chair do evento, presidente do Centro Internacional de Longevidade (ILC-BR), co-presidente da Aliança Global de ILCs e consultor do Grupo Bradesco Seguros para assuntos relacionados à longevidade, o evento trouxe discussões importantíssimas para os avanços científicos e para o desenvolvimento tecnológico. “Pudemos debater sobre futuro da nossa sociedade e refletir sobre as mudanças que já estão sendo geradas e que ainda precisam ocorrer na academia, mídia, empresas, governos e no setor não-governamental em razão do envelhecimento populacional”, afirma o gerontólogo.
1º dia
Stephen Johnston, co-fundador da Aging 2.0 e mestre em Economia pela Harvard Business School falou sobre o futuro da longevidade no mundo globalizado, por meio de soluções inovadoras para facilitar o cotidiano.
No painel “O Futuro de Políticas Públicas”, Anna Dixon do Centre for Ageing Better (Reino Unido), e Louise Plouffe, presidente do Conselho de Envelhecimento de Ottawa (Canadá), discutiram com o público diversos aspectos como saúde, participação, educação contínua e segurança, pilares essenciais do envelhecimento ativo.
O evento abordou também aspectos transversais como gênero, raça e desigualdade em painel comandado por Lia Vieira, escritora e especialista em relações étnico-raciais, Marília Berzins, presidente do OLHE, e Alexandre Silva, da Faculdade de Medicina de Jundiaí. Eles trouxeram reflexões sobre raça e velhice. Para Alexandre Silva, as desvantagens e desigualdades começam antes de a criança nascer. “Vemos isso nos índices de consultas no pré-natal, por exemplo.”
Lygia Pereira, professora titular do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, falou sobre genética e células-tronco. Segundo ela, “no futuro haverá terapias genéticas preventivas, mas o que mais importa é que já podemos fazer agora mudanças de estilo de vida para uma velhice melhor”.
No encerramento do primeiro dia de fórum, Karla Giacomin, médica geriatra da Secretaria de Saúde de Belo Horizonte, Laura Machado, da InterAge Consultoria, e Mariza Tavares, colunista do G1 debateram os desafios da longevidade para o futuro da sociedade.
2º dia
No último dia de evento, Ana Amélia Camarano, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), falou sobre políticas sustentáveis e levantou o fato de que no Brasil não há nenhuma política nacional para apoiar cuidadores familiares. Ela também falou sobre aposentadoria e defendeu a manutenção de um piso salarial mínimo para benefícios da seguridade social. “Essa é uma medida necessária para diminuir pobreza”, afirmou.
Marcelo Caetano, Secretário de Previdência do Ministério da Fazenda, apresentou dois grandes pilares que indicam a necessidade de uma reforma previdenciária: a desigualdade e a sustentabilidade. “Estamos atrasados com a reforma da previdência, o tempo está diminuindo, mas ainda há tempo de se fazer uma reforma preventiva”, afirmou.
O futuro da atenção primária foi o assunto central do painel comandado por João Sequeira Carlos, diretor do Serviço de Medicina Geral e Familiar do Hospital da Luz Lisboa, Carlos André Uehara, diretor-executivo do Centro de Referência do Idoso da Zona Norte de São Paulo, e Eberhart Portocarero-Gross, médico de família da Unidade de Saúde Básica do Rio de Janeiro. Eles defenderam a importância indispensável da atenção primária, com quatro atributos essenciais: acesso, continuidade, integralidade e coordenação.
No painel “O Futuro do Cuidado”, Raúl Hernán Medina Campos, Vice-Diretor de Pesquisa Epidemiológica e Geriátrica do Instituto Nacional de Geriatria (México), Gill Windle, professora de pesquisa sobre envelhecimento e demência da Universidade de Bangor (Reino Unido), e Anne Margriet Pot, da Organização Mundial de Saúde (Suíça). Anne destacou, por exemplo, a importância do entorno para nossas habilidades funcionais. “Mesmo com menor capacidade intrínseca, podemos manter nossa habilidade funcional usando equipamentos e tecnologias, como uma bengala.”
A integração de serviços sociais e de saúde foi o tema a palestra de Peter Lloyd-Sherlock, professor de política social e desenvolvimento internacional da Universidade de East Anglia (Reino Unido)
O evento contou ainda com a participação especial da Baronesa Sally Greengross do Centro Internacional de Longevidade do Reino Unido.