Revista Segurador Brasil

Gestão de Riscos é tema do Café com seguro da ANSP

 

Palestrantes abordam a liberdade de negociação, aos aspectos ligados a seguro potencialidades nas operações de seguros

A Academia Nacional de Seguros e Previdência – ANSP realizou a palestra “Gestão de Riscos, dinâmica do mercado e os desafios do cenário atual”. A live foi apresentada pelo presidente do conselho superior da instituição, Ac. Mauro César Batista, e teve as participações do Coordenador da Cátedra de Gerência de Riscos, Ac. Marcos Lúcio de Moura e Souza, do Fundador da Risco Consultoria em Gerência de Riscos, Ac. Henrique Lucena, e do Chairman da THB RE Brasil Corretora de Resseguros, Sr. Paulo Leão de Moura.

Na abertura do evento, o Ac. Mauro Batista abordou brevemente o papel da ANSP na busca do aperfeiçoamento institucional e explicou o quanto é importante promover esses eventos para a inteiração de todos sobre os mais variados temas e modalidades de seguros. “A ANSP tem sempre convidado pessoas que tem realmente muito a agregar a instituição do seguro, muito conhecimento e que entende que o seguro é indispensável a vida humana”, disse.


Marcos Lúcio contribuiu para o evento trazendo uma contextualização sobre a liberdade de negociação que se discute hoje entre seguradoras e grandes empresas reguladas. Dentro dessa negociação o elo que liga tudo é a gestão de risco. “E eu quero pautar essa contextualização tomando como exemplo três atores principais: o governo federal, as organizações privadas e as seguradoras”, indicou.

O governo federal passou a fomentar a orientação da cultura de risco como uma ferramenta de gestão, buscando com isso aprimorar o seu resultado institucional. Assim, ele tem como um dos seus objetivos usar a gestão de riscos como um meio para aumentar a eficiência. Como exemplo dessa postura, hoje todos os órgãos e entidades do governo federal possuem uma política e uma estrutura de gestão de risco. De outra parte, todos os que recebem verbas do governo federal estão se integrando a um programa de melhoria de gestão, do Ministério da Economia, que tem como um dos seus fatores de sucesso a gestão de risco.

“A atividade de seguros constitui a mais importante ferramenta de gestão de risco para o compartilhamento dos riscos residuais. Ou seja, o compartilhamento dos riscos depois que eles foram tratados, minimizados através de medidas de redução de probabilidade e de severidade”, esclareceu.

Seguindo essa linha de pensamento, as modificações introduzidas pela Susep ao flexibilizarem condições para negociações geram oportunidade para a exploração de um novo nicho de negócios até aqui pouco explorado, os órgãos e as entidades das três esferas do poder público. Um exemplo disso é que está posto claramente na nova lei de licitações, onde se permite a criação de soluções alternativas para o compartilhamento de risco residual. Dessa forma, as seguradoras e intermediários mais hábeis podem gerar vantagens competitivas aos seus clientes em processo de licitação.

Do lado das organizações privadas, onde a gerência de risco encontra maior grau de aplicação, é ampliada a possibilidade de otimização dos planos de cobertura, o que é alcançável mediante negociações abertas, desde que as partes estejam aptas a compreender de um lado o grau de gestão de risco praticado pelas organizações, e de outro a adequação das coberturas fornecidas pelas seguradoras.

Embora tenha sido introduzida na década de 1980, a Gestão de Risco hoje é praticada em diversas vertentes: financeira; auditoria, indústria; seguros etc. Só que ainda não existe uma base conceitual capaz de harmonizar todas essas vertentes, viabilizando a criação de sistema de gestão representativos dos diversos setores.

Para discutir maneira mais eficazes de se introduzir a gestão de risco e as suas potencialidades nas operações de seguros, Souza passou a palavra ao Ac. Henrique Lucena. O Acadêmico falou sobre sua experiência adquirida desde o ano de 1978, quando recebeu um convite para fazer um trabalho de gerenciamento de risco de uma empresa de U$ 2 Bilhões de faturamento. “A primeira curiosidade desse processo é que a gestão de risco não se limitava a questão patrimonial, a questão transporte, de responsabilidade ou risco financeiro”, contou.

Segundo ele, o convite se estendeu para os setores da empresa, para os gerentes e diretores. Esse conjunto de atividades criou uma consciência dentro da companhia daquilo que seria necessário na linha que está sendo proposta agora de desenhos tailor made. A iniciativa resultou em um trabalho que respondia as demandas dos setores em relação a todos os riscos que foram identificados. Todos eles foram quantificados e foram objetos de controle de perdas.

E isso aconteceu de uma forma nova, com algumas inovações que foram submetidos ao mercado. O mercado, com uma resistência natural, acabou aceitando essas mudanças que foram propostas e essas mudanças foram então aprovados e aceitas e as apólices emitidos com redução de custos. “O mais curioso dessa passagem é que o dualismo entre riscos e seguros foi incorporado na cultura da empresa. Essa é a grande diferença. É nesse contexto que a gestão de risco passa a ter um significado mais presente”, relatou.

O segundo aspecto que Lucena considerou importante foi uma forma de abordar o assunto de risco sem necessariamente focar apenas na preocupação com perdas. Para trazer mais luz ao tema, o palestrante fez uma associação entre risco com comportamento, também contou uma experiência pessoal e ponderou que a dinâmica do comportamento em função daquilo que a segurança oferece é individual. “Eu arrisco em mais uma provocação dizer que o problema da corporação ou da sociedade é idêntico. Esses movimentos de percepção são limitados por custo em uma corporação, assim como, do ponto de vista social aquilo que é risco hoje não era no passado. Isso é uma dinâmica. É uma transformação natural. Nós estamos no limiar de uma nova etapa”, pontuou.

Em sua fala, o executivo reforçou também a importância da aferição. Sem ela perde-se a dimensão da percepção ao risco. Independentemente do método de trabalho adotado é importante que se tenha ferramentas de mensuração. Por fim, Lucena falou sobre os impulsos de transição. Segundo ele, motivação é fundamental. Ela pode surgir a partir de um sinistro ou advir de outras causas. Esse é um ponto fundamental que o painelista tem como método.

No último painel, Paulo Leão de Moura apresentou suas opiniões com relação aos aspectos ligados a seguro e gerenciamento de risco, tendo em vista a enorme influência exercida neste momento pela mudança no marco regulatório do Sistema Nacional de Seguros Brasileiro. Em sua concepção, o marco regulatório permite uma consideração um pouco mais técnica dos aspectos que vão reger o seguro e aquilo que vai determinar na verdade a origem do seguro. O seguro é um contrato entre partes que transferem risco para outro. Por consequência disso, ele tem um nível técnico considerável. “Com essa abertura do mercado, com essas modificações que vem surgindo, nós iremos definir se nós vamos nos ater de fato a uma modernização do seguro no Brasil ou se eventualmente vamos voltar ao estágio anterior”, ponderou.

A abertura do mercado trouxe de fato uma série de desafios para o mercado segurador como um todo, incluindo todo o processo de participantes do resseguro, das seguradoras, problemas dos corretores de seguros e dos prestadores de serviços em geral. Para o executivo, apresentação do marco regulatório poderia ser mais explicativa. Ela foi sutil no sentido de que a determinação da abertura demonstra a necessidade do Sistema Nacional de Seguros Brasileiro se adequar a postura do mercado internacional.

Assista a live completa no canal da ANSP

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