O 21º Congresso Brasileiro Nacional dos Corretores de Seguros discutiu o tema ”Mercado Marginal” e na ocasião participaram do tema, Nuno Vieira, sócio de Serviços da Ernest & Young, Robert Bittar, presidente da Escola Nacional de Seguros; Lucas Vergílio (foto), deputado Federal, Luis Gutiérrez, CEO da MAPFRE Seguros e vice-presidente da FenSeg, Murilo Riedel, CEO da HDI Seguros, e Roberto Santos, presidente da Porto Seguro.
“Até que enfim as seguradoras se importam com esse problema. Sempre achei que o corretor estava sozinho nessa luta”, afirmou o deputado federal Lucas Vergilio durante o painel ao lembrar que no congresso de Foz do Iguaçu ele fez uma fala contundente sobre a atuação das associações de proteção veicular (APV).
O painel foi mediado por Robert Bittar, presidente da Escola de Negócios e Seguros. “O tema é sensível ao setor e uma série de esclarecimentos precisa ser feito. O mercado marginal não é seguro, eles atuam à margem da lei”. Há tempos o mercado marginal vem preocupando os corretores de seguros e natural que o assunto fosse debatido no congresso da categoria.
O primeiro executivo a falar foi Murilo Riedel, CEO da HDI. “Esse é um assunto bastante nervoso”, disse. Ele abordou a origem do problema e disse que há um ambiente que facilitou a atuação de um mercado marginal. “Acho que o assunto deve ser tratado como estelionato. Falamos de uma estrutura muito simples de pirâmide que encontrou no nosso cenário de seguros um ambiente facilitador”, ressaltou.
Luiz Guiterrez, CEO da Mapfre, vice-presidente da Fenseg, disse que é preciso tratar o assunto com seriedade e inteligência “porque estamos em uma situação bem complicada”. Ele afirmou que são 4,5 milhões de pessoas que não estão protegidos e não estão conscientes disso. “Não estamos contra ninguém, mas devem seguir as mesmas normas dos seguradores e proteger os consumidores. Devemos estar juntos e transmitir o problema que 4,5 milhões de brasileiros que não estão protegidos”, afirmou.
Riedel lembrou que o mercado financeiro já enfrentou problema semelhante, mas que as empresas proteção veicular encontraram um ambiente facilitado no setor de seguros. “Temos uma mudança radical do cenário que vínhamos tendo. Temos uma frota que envelheceu, vai se recuperar lentamente e precisamos dar uma solução para essa frota. Essa frota envelhecida começa a sair dos nossos produtos tradicionais e acabamos oferecendo a oportunistas sistemas de proteção que tem mais atrativo a carros mais velhos. Daqui pra frente mais veículos antigos estarão no mercado. Precisamos regras do regulador que sejam compatíveis com essa frota mais antiga”, afirmou.
O presidente da Porto Seguro, Roberto Santos, que também é presidente do SindSeg-RJ, apresentou o resultado de uma pesquisa feita em agosto de 2019 no programa “Pateo Legal” que acontece no Estado. Segundo a pesquisa, dos 1.896 veículos recuperados, 37% são de proteção veicular e 23% são de seguradoras. “É assustador”, reagiu.
O executivo sugeriu que uma forma de “quebrar” as empresas seria se os bancos não emitissem boleto. “Isso quebraria o sistema. A pesquisa mostrou que 87% de quem compra proteção é através de boleto e 8% em dinheiro”, disse.
Roberto Santos disse ainda que a comunicação é o ponto forte das empresas de proteção veicular. “A comunicação deles é mais eficiente que a nossa”, ressaltou. Ele contou ainda que o SindSeg-RJ passou a fazer no páteo uma comunicação explicando a diferença entre proteção e seguradoras mostrando que o poder público fiscaliza as seguradoras. “Recebemos uma notificação extrajudicial da associação proteção veicular para retirar as placas. A comunicação é a arma para combater.
Precisamos mostrar as diferenças para a sociedade. Só isso. O seguro não é mais caro. Tenho amigos corretores que não perdem negócio para proteção veicular”, resaltou o presidente da Porto Seguro.
Luis Guitérrez disse que o mercado deve tratar o assunto com “seriedade e inteligência porque estamos em uma situação bem complicada. Fazer seguro significa proteger a realidade de hoje e sonhos do futuro. Temos 4,5 milhões de pessoas que não estão protegidas e não estão conscientes disso”, reforçou.
Nuno Vieira, sócio da Ernest Young, apresentou o resultado de um trabalho desenvolvido em conjunto com a FenSeg sobre as empresas de proteção. “O objetivo era entender o que é esse mercado, quanto vale e onde está e quantas empresas existem”, explicou.
A pesquisa identificou o valor do mercado marginal está entre R$ 7 e R$ 9 bilhões. Desse total, cerca de 27% é do mercado auto. São 700 empresas de proteção veicular, mas “final elas chegam a mil porque muitas têm filiais”, disse. Em termos de prêmio, Vieira explicou que a média é em torno de R$ 1.800 por veículo e que as pessoas atendidas estão concentradas na região Sudeste.
O estudo da Ernest & Young mostrou também que o preço dessas empresas é competitivo, principalmente para veículos abaixo de R$ 40 mil, com serviços e coberturas veiculares. “Há rateio de sinistros, se der lucro, fica para a associação; o prejuízo é distribuído entre os associados”, lembrou Vieira.
Os clientes são mais novos (30% entre 18 e 45 anos), 35% com renda abaixo de R$ 7 mil. A venda é feita principalmente por agentes, com indicações de clientes atuais e familiares como fonte de captura de clientes. As comissões variam entre 7% e 30%. destacou.
Vieira alertou também que essas empresas já estão oferecendo outros produtos como auxílio funeral e proteção de doenças graves.
Lucas Vergílio disse que não deveria se falar de seguro como um produto financeiro. Ele lembrou que na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, as APV’s estão ligadas ao tráfico. “Estamos buscando no Congresso Nacional para que tenha um arcabouço legal para proteger o consumidor”, disse.
Lucas disse que a aceitação do risco é um dos problemas das APV’s. “É preciso que o órgão regulador permita que as seguradoras criem novos produtos para haver redução nos preços. Não adianta achar que mostrar a comissão do corretor vai reduzir preço, isso é balela”, opinou.
O deputado disse ainda que é preciso apoio do poder público e que a solução está dentro da lei. Ele lembrou que está em contato constante com a Susep, visitou o ministro Sergio Moro, o presidente do STF, ministro Dias Tófoli.
Lucas Vergílio foi muito aplaudido pela plenária ao criticar os corretores que comercializam APV´s e pediu apoio das seguradoras para descredenciar esses corretores. “Se eles querem ir pro outro lado, que vão”, sentenciou.
Riedel ainda chamou a atenção para os corretores que estão fazendo o RCF individual nas seguradoras. “A probabilidade é alta de termos uma associação por trás disso”.
Fonte/Reprodução-Fenacor