Revista Segurador Brasil

Veículos conectados é tema de debate na AIDA

Evento teve a participação de Marcelo Barreto Leal, Natan Vieira,

Walter Pereira e José Carlos Oliveira

Na última quarta-feira (26), a Associação Internacional do Direito do Seguro – AIDA Brasil –realizou um evento para discutir o tema “Veículos Conectados: oportunidades e impactos no mercado de seguros”. A abertura da live foi feita pelo presidente da instituição, José Armando da Glória Batista e a moderação ficou por conta do presidente do GNT Seguro de Automóvel, Marcelo Barreto Leal. O evento teve também a participação do executivo do mercado automotivo, Natan B. Vieira, e do presidente da Comissão de Automóveis – FenSeg, Walter Pereira, como palestrantes, e do membro do GNT Seguro de Automóvel, José Carlos Oliveira, como debatedor.

Vieira iniciou sua fala enfatizando que a transformação que se iniciou globalmente na indústria automobilística, nos últimos três ou quatro anos, deve continuar na próxima década e pode ser maior do que a que ocorreu nos últimos cem anos. Em sua opinião, o Brasil ainda está um pouco atrás dos países desenvolvidos em relação a algumas tecnologias, mas já está chegando bem próximo. Para ele, os três principais destaques dessa transformação são o carro conectado, que já é uma realidade no mercado nacional, o carro autônomo e o semi-autônomo.

Em relação ao carro 100% autônomo, que necessita do mínimo de ação do motorista, existem atualmente apenas alguns experimentos sendo feitos nos Estados Unidos, na Europa, e na China. Algumas empresas têm feito alguns experimentos em alguns estados dos Estados Unidos, sempre em ambientes ou em áreas restritas, devido a tamanha complexidade e responsabilidade que envolve esses veículos.

Existe também o veículo semi-autônomo, chamados de autônomo por algumas montadoras devido a questões comerciais, de marketing e merchandising. Mas na verdade, são carros com equipamentos (features) que dão certa autonomia ao conduzir o veículo, no que diz respeito a mudança de faixa, estacionamento, velocidade controle do freio, e tem categorias de equipamentos para aumentar a automação.

“O carro conectado é aquele veículo que realmente está conectado à internet e também a montadora, com o próprio condutor ou com o ambiente que ela está dirigindo, para que exista uma troca de informações do veículo, de como ele está sendo usado e como é o ambiente no qual ele está sendo conduzido”, definiu.

Segundo o executivo, os carros já são conectados há um bom tempo. Porém, os modems que estão sendo instalados atualmente ampliam em muito o volume de informações geradas e permite que o carro fique conectado o tempo todo, não apenas por ocasião de manutenção ou controle de garantia.

Existem muitas dúvidas a respeito de como é o uso do carro conectado, quanta informação ele gerando, quem é o proprietário desses dados – se é o dono do veículo ou da montadora-, e ainda se eles podem ser comercializados para um terceiro, como por exemplo, uma seguradora. Há também questionamentos sobre como é o relacionamento entre os stakeholders – consumidor, montadora e seguradoras – e de quem é o custo e a receita referente aos dados.

Oportunidades e impactos no mercado de seguros

Valter Pereira iniciou sua palestra ressaltando que a indústria de seguro está completamente atrelada ao mercado automobilístico e acompanha de perto todas as suas evoluções. Em sua fala, o executivo abordou alguns desafios do setor de seguros para os próximos anos e também compartilhou uma apresentação com informações sobre patentes. “Quando olhamos a quantidade de registros de patentes no mundo, verificamos que atualmente mais de dez milhões são registradas por ano. Isso é uma evolução muito expressiva e nos traz inúmeros desafios em termos tecnológicos”, disse.

Complementando a fala do primeiro palestrante, Pereira endossou que, em se tratando de novas tecnologias, o carro elétrico, o autônomo, o semi-autônomo, o veículo compartilhado/por assinatura, que está em alta no Brasil, são as principais tendências a serem consideradas.

“Quando se observa o estágio que o mercado segurador está em relação a essas novidades, em relação a telemetria, verifica-se que o setor ainda gatinha. Ele a utiliza apenas para medir o comportamento, a maneira como o segurado conduz seu veículo”, informou.

Em sua apresentação, o palestrante também comentou os benefícios do uso das informações geradas no veículo conectado para as montadoras e os consumidores e também o self-drive, que em sua visão será o veículo do amanhã. “Se nós olharmos as receitas com tecnologia embarcada, o crescimento dela é exponencial. São alguns bilhões de dólares previsto para os próximos anos. A indústria automobilística já investiu bastante nessa área, mas ainda há muito a ser feito, há também que se monetizar esse investimento. Trazer isso de volta em termos de receita para as montadoras e todos os envolvidos nessa cadeia”, analisou.

Do ponto de vista de seguros, atualmente as companhias têm em seus bancos de dados atuarias informações sobre veículos conectados com autonomia de nível 2 ou menos. Entretanto, o setor automobilístico está partindo para uma nova era de banco de dados. “Daqui para frente teremos uma gama de informações muito ricas, valiosas, para usarmos em benefício do consumidor, do montador e da indústria do seguro”, disse.

Debate

Ao final das apresentações José Carlos Oliveira, fez comentários a respeito dos pontos altos das palestras e também sobre os desafios do setor, como a questão do sigilo de dados e de infraestrutura (rede de internet) para que o carro conectado possa funcionar perfeitamente em todo o território nacional.

Para fomentar o debate, o executivo elaborou perguntas relacionadas ao papel dos corretores nesse novo mundo da tecnologia, como eles podem traduzir seus benefícios para os clientes, e quanto a postura adotada na Europa em relação à responsabilidade dos dados obtidas nos carros conectados com seguro.

Assista a live completa no canal da AIDA

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