ABECOR: funcionamento dos mercados de seguros e resseguros

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Palestrantes abordam a origem e a história da cultura do seguro no mundo

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No último dia 11, a ABECOR realizou uma live com o tema “Como funciona o mercado de Seguros e Resseguros”. A palestra foi apresentada pelo jornalista Paulo Alexandre e mediada pelo presidente da instituição, Eduardo Toledo. Teve como convidados especiais o Diretor Presidente & Representante Geral do Lloyd’s no Brasil, Marco Castro e da Diretora do Lloyd ́s Escritório de Representação no Brasil, Rafaela Barreda.

O evento teve como objetivo trazer mais informações, curiosidades e particularidades sobre a origem da cultura do seguro no mundo. Em suas considerações iniciais, Toledo afirmou que o Lloyd ́s é o berço do seguro e do resseguro. “É a maior indústria de seguros no mundo”, enfatizou.

O resseguro é uma parte muito importante na cadeia de proteção do mercado de seguros em todo o mundo. Além de permitir a proteção das seguradoras, exerce a importante função de compartilhar os riscos em escala global, evitando exposição concentrada e permitindo a diluição das perdas. Os corretores, desempenham um papel fundamental como profissionais especializados e capacitados para assessorar segurados, seguradoras e até mesmo os resseguradores em todo o processo da contratação de seguro e resseguro.

No Brasil, durante quase cem anos o resseguro foi monopólio do governo, através do IRB, e desempenhou um papel importantíssimo na proteção das seguradoras nacionais. “Mas o IRB nunca bancou sozinho todo o risco de resseguro do mercado brasileiro. Na verdade, ele contava e ainda conta com uma rede de outras resseguradoras internacionais para também se proteger através das operações conhecidas como retrocessão”, disse Castro.

De acordo com o executivo, o Lloyd’s sempre foi e continua sendo um importante mercado para a retrocessão do IRB e de outros resseguradores que se instalaram no Brasil após a abertura do mercado de resseguros, em 2008. E embora seja a maior referência mundial para seguros e resseguros, nem todas as pessoas sabem bem como funciona o mercado do Lloyd’s. “Uma de suas principais características é ser um mercado de corretores que desempenham um papel fundamental na contratação de seguros e resseguros”, destacou.

Em seu painel, Rafaela Barreda apresentou aos expectadores a história do Lloyd’s, que tem mais de 330 anos de existência, e falou sobre as perspectivas de futuro da corporação. “O principal objetivo dessa apresentação é mostrar as características únicas que movem o nosso mercado, que nos permitem cumprir o nosso propósito, que é compartilhar riscos para criar um mundo mais corajoso”, explicou.

O Lloyd’s não é uma seguradora ou uma resseguradora. É um mercado parcialmente mutualizado onde seus membros se reúnem em sindicatos e conjuntamente subscrevem riscos. Reunindo a inteligência coletiva dos subscritores e corretores do mercado, o Lloyd’s fornece a visão para antecipar e compreender risco e experiência, para desenvolver soluções de seguro relevantes e inovadoras para cobrí-los onde quer que eles estejam no mundo.

O Lloyd ́s está na vanguarda da indústria de seguros há mais de trezentos. Sua história teve início em meados de 1688, na cafeteria de Edward Lloyd’s, onde donos de navios armadores se reuniam para contar suas aventuras marítimas. Naquela época, não existiam as ferramentas, os satélites de comunicação e previsão do tempo com dados de corrente marítima para se planejar um transporte mais seguro. “O sucesso das viagens era incerto. Foi nesse período que os próprios donos das embarcações passaram a dividir as cargas e os riscos entre sim, o que deu origem ao conceito de mutualismo. Com o passar do tempo, algumas pessoas passaram a se oferecer para cobrir esses riscos marítimos em troca de pagamento de seguro, dando início ao que chamamos hoje de atividade comercial de seguros”, relatou.

O mercado do Lloyd’s é conhecido por sua experiência especializada e apetite por riscos incomuns que exigem soluções inovadoras. Ele sempre esteve à frente do seu tempo e ofereceu coberturas que as seguradoras tradicionais não podiam oferecer. Prova disso, é que participou da apólice do Titanic, assim como de eventos de automóveis e importantes concertos. Além disso, emitiu a primeira apólice de automóvel, de avião e de satélite. “Temos orgulhos de sermos pioneiros. E até hoje estamos desenvolvendo coisas novas, como apólices para drones, economia compartilhada, carros automáticos e para as carteiras virtuais, chamada de bitcoins”, ressaltou

Segundo Rafaela, os negócios subscritos no mercado do Lloyd’s são levados por meio de corretores de seguros especializados que coletam as informações dos riscos que precisam ser avaliados. Grande parte de seu capital disponível é oferecido na base de subscrição. Seus subscritores se juntam com os sindicatos para subscrever os riscos e os programas. Este tipo de colaboração, combinado com a possibilidade de escolha, flexibilidade e segurança financeira do mercado faz do Lloyd’s a principal plataforma de seguros do mundo. Hoje, o capital é suportado por muitos os principais grupos de seguros do mundo, assim como companhias listadas em bolsas, pessoas físicas e jurídicas, grupos corporativos.

No que diz respeito ao sindicato, ele é formado por um ou mais membros que se unem para fornecer esse capital e aceitar os riscos de seguros e de resseguros. Essa continuidade de capital que sustenta os sindicatos, significa que eles funcionam como operações de seguro permanente. Cada sindicato estabelece o seu próprio apetite por risco, desenvolve um plano de negócios, organiza sua proteção de resseguro e gerencia suas disposições e sinistros. Os agentes gestores são empresas configuradas para gerenciar toda a infraestrutura de um ou mais sindicatos em nome dos membros, dos provedores de capital. Atualmente existem 50 agentes gestores no mercado do Lloyd’s operando 90 sindicatos.

A corporação do Lloyd’s, por sua vez, tem como função supervisionar e apoiar o funcionamento desse mercado, gerenciar e proteger a rede de licenças internacionais do Lloyd’s, além de aprovar os planos de negócios dos sindicatos, avaliar o seu desempenho e intervir se houver necessidade. “Monitoramos a conformidade de todos os sindicatos com padrões mínimos estabelecidos pela corporação do Lloyd’s”, assegura a palestrante acrescentando que seu modelo de mercado único é reconhecido pelas principais agências de classificação. Portanto, os ratings recebidos se aplicam a todos os sindicatos que operam no seu mercado.

Para o futuro, o plano do Lloyd’s é ser o mercado de seguros e resseguros com a tecnologia mais avançada no mundo, por meio do qual seus clientes poderão adquirir uma ampla gama de produtos. “Nosso objetivo é criar um mercado que atraia novos riscos, novos clientes e novas formas de capital e que proporcione uma experiência superior, operando bem com custos bem mais baixos. Buscamos uma integração e eficiência muito maior nos processos de colocação, renovação e sinistros, com o objetivo de minimizar trabalho e reinserção de dados”, reforçou.

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