Dados do RNS Rural mostram que 11 eventos foram responsáveis por mais de 141 mil cadastros de sinistros em quase 12 anos
Seca, granizo e geada foram responsáveis por 87% de sinistros no seguro Agrícola em pouco mais de 11 anos. Esses eventos totalizaram 122.698 ocorrências de 141.354 cadastradas no Registro Nacional de Sinistros (RNS) Rural, que também identificou outros 16.207 casos impactados por fenômenos climáticos, desconsiderando incêndio e não germinação. A ferramenta, desenvolvida pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), analisa série histórica de dados de abril de 2012 a novembro de 2023, considerando os registros de oito seguradoras.
Ao longo do período analisado, o sistema identificou 11 eventos que impactaram diretamente os pagamentos de indenizações na modalidade. Com 72.293, a seca foi a principal causa de sinistros, seguida pelo granizo, com 30.509 ocorrências, e geada, com 19.896. Chuva Excessiva (11.012), tromba d’água (2.282), ventos fortes (2.188), não germinação/não emergência (1.877), variação excessiva de temperatura (636), incêndio (572), ventos frios (61) e raio (28) completam a lista.
Do total de ocorrências, 42.075 foram categorizadas regionalmente. O Sul registrou a maior incidência de sinistros, contabilizando 27.923 casos, destacando-se, principalmente, pela ocorrência de seca (19.671), geada (3.597) e granizo (2.216). Com 8.960 cadastros, o Sudeste apareceu em segundo, tendo o granizo (3.696), a seca (2.738) e a geada (1.785) como os principais eventos. No Centro-Oeste, 94% dos 5.051 registros estão relacionados à seca (3.748), chuva excessiva (643) e geada (379). O Norte e o Nordeste foram as regiões com menos episódios cadastrados, com 129 e 12, respectivamente.
Entre os estados com maior número de registros/incidentes no RNS Rural, o Paraná lidera com 23.503 acontecimentos, seguido por São Paulo com 5.230, Minas Gerais com 3.729, Rio Grande do Sul com 3.490 e Mato Grosso do Sul com 2.591.
A pesquisa também revelou as culturas mais impactadas durante o período. Um montante de 58.499 incidentes foi registrado para a soja, sendo a seca (42.829), chuva excessiva (7.661), granizo (3.652), tromba d’água (2.045) e geada (1.006) as principais causas. Em segundo lugar, o milho safrinha, ou milho de 2ª safra, registrou 32.036 ocorrências, diretamente afetado pela seca (21.340), geada (7.055) e ventos fortes (1.608). A uva, com 10.179, ocupou a terceira posição na lista de produtos mais afetados, destacando-se o granizo (8.884), geada (1.070) e não germinação/não emergência (184) como motivos centrais.
Esses produtos, de acordo com indicadores recentes do Ministério da Agricultura e Pecuária, foram os que mais se beneficiaram do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), representando 43,5%, 13,5% e 8,9% dos recursos para a soja, milho 2ª Safra e uva, respectivamente.
Para André Vasco, diretor da Diretoria de Serviços às Associadas da CNseg, a troca de informações sobre as ocorrências no seguro agrícola é fundamental para melhorar o processo de contratação de seguros e coberturas, assim como a regulação do sinistro no mercado segurador. “Isso faz com que a Seguradora tenha uma visão de coincidências de sinistros que aconteceram em outras congêneres, por exemplo. Desta forma, ela pode identificar um sinistro já ocorrido com o segurado e não comunicado pelo próprio”, explicou.
O RNS Rural possibilita a integração dos dados das ocorrências cobertas nas apólices, possibilitando a tomada de decisão sobre aceitação de risco, regulação de sinistros e uma melhor estrutura de precificação. O produto se alinha a outras soluções da Confederação que contribuem no combate a fraudes no setor segurador. Isso ocorre por meio de um mecanismo de busca automática que, com base em regras de negócio predefinidas, detecta coincidências entre os eventos sinistrados relatados pelas seguradoras, apontando indícios de possíveis fraudes. Apenas em 2022, ocorreu a recusa no pagamento de indenizações em 118 casos.
O Agrícola é uma das modalidades do seguro Rural, produto que, entre abril de 2012 e setembro de 2023, registrou o pagamento de R$ 26,6 bilhões em indenizações e arrecadou R$ 32 bilhões. Esta modalidade de seguro é destinada à proteção contra perdas decorrentes, principalmente, de fenômenos climáticos adversos no caso da agricultura.
De acordo com Joaquim Neto, presidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), o agronegócio se mantém como um dos setores mais importantes para o Produto Interno Bruto nacional, com participação de cerca de 25%, contribuindo para o saldo positivo da balança comercial. “O seguro agrícola tem desempenhado o seu papel de amparo a este setor, que tanto tem sofrido com os eventos climáticos”, afirma.
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