Academia realizou live para apresentar artigo científico da Dra. Margarida Lima Rego sobre o tema
Na última terça-feira (07/05), a Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP) realizou uma live para compartilhar com o seu público o artigo científico da Dra. Margarida Lima Rego sobre ODS e a contribuição do mercado de seguros na Europa, com destaque para o mercado português e um comparativo com o Brasil. Transmitido pelo canal da instituição no Youtube, O evento foi contou com a participação do Presidente da ANSP, Ac. Rogério Vergara, na abertura, e da Coordenadora da Cátedra ESG, Ac. Solange Beatriz Palheiro Mendes, na contextualização e moderação dos painéis.
Também contou com a palestra da Professora catedrática e diretora da NOVA School of Law de Lisboa, Dra. Margarida Lima Rego e como debatedoras, a Diretora de Sustentabilidade da Mapfre Brasil, Fátima Lima, e da Executiva Sênior, Advogada e Docente Especialista em ESG e Risk Advisory Senior Manager na KPMG, Juliana Oliveira Nascimento. Contou ainda com a participação diretora de Integração ESG da ANSP, Ac. Simone Vizani, que teve a missão de fazer o encerramento da live.
Rogério Vergara deu as boas-vindas ao evento que une duas temáticas essenciais para o futuro do planeta: os objetivos de desenvolvimento sustentável e as contribuições que o mercado de seguros pode prover. “Vamos explorar o setor de seguros, não apenas como um desempenhador de papel fundamental na proteção financeira e na mitigação de riscos, mas também como um grande parceiro crucial na jornada em direção ao mundo mais sustentável e resiliente”, disse.
Os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável delineados pela ONU são uma chamada a ação global, para enfrentar os desafios mais urgentes da nossa época. Desde a erradicação da pobreza e da fome, até a promoção da saúde, da educação e da igualdade de gênero, passando pelo pela proteção do meio ambiente e pela garantia de paz e justiça. O mercado de seguros desempenha um papel vital na realização desses objetivos oferecendo soluções inovadoras, tanto para lidar com os impactos de eventos climáticos extremos ou para proteger comunidades vulneráveis contra perdas financeiras. Sempre incentivando práticas sustentáveis em todas as indústrias. O evento objetivou explorar possibilidades de alavancagem do potencial do mercado de seguros, para impulsionar ainda mais o progresso. “Este evento é um espaço de diálogo produtivo, colaboração e ação”, afirmou.
De acordo com Solange Beatriz, as seguradoras têm buscado efetivar seu compromisso com a sustentabilidade, já há algum tempo, com as práticas ESG, seguindo os princípios da ONU, o PSI, e os objetivos de desenvolvimento sustentável, os ODSs da ONU. São 17 ODS da ONU que estão atrelados a 169 metas. Tem como principal missão a gestão de riscos. O mercado de seguros deve desempenhar um papel fundamental na garantia da sustentabilidade, por meio das suas atividades de análise de risco e de subscrição. “As empresas que tiverem boas métricas de ASG serão as mais resilientes e capazes de gerar mais valor a longo prazo, porque estarão gerenciando melhor os riscos e oportunidades socioambientais atreladas a uma governança também robusta, para atravessar períodos turbulentos”, opinou.
Painel I – Apresentação do artigo acadêmico
O artigo da professora Margarida nasceu após uma pesquisa realizada em parceria com a professora Maria Belval Bolívar Onoro, da Universidade de Alcalá, em Madrid. Foi um estudo realizado a quatro mãos e sob a égide do módulo Gemonê, dedicado precisamente ao cruzamento entre o setor de seguros e os objetivos de direito de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas. O artigo explora a contribuição do mercado de seguros para os objetivos de desenvolvimento sustentável e analisa até que ponto essa contribuição se reflete nos relatórios que o setor vem preparando sobre o assunto e em geral na sua comunicação externa.
A convicção da catedrática é de que o setor dos seguros, muito antes do surgimento destes objetivos de desenvolvimento sustentável, sempre contribuiu para alguns destes objetivos, porque é essa a sua missão. “Ocorreu a mim e à professora Marival que esta contribuição importante do setor para os ODS poderia ser algo que permitiria ao mercado melhorar um pouco a sua imagem perante a opinião pública em relação ao valor desta atividade para o bem-estar social em geral e especificamente para os objetivos de desenvolvimento sustentável”, pontuou
Olhando para os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, nenhum objetivo faz referência aos seguros e, dentre as 169 metas, só uma delas, a 8.10, faz uma referência expressa aos Seguros. No entanto, apesar de só existir esta referência expressa a seguros em todo o texto sobre os objetivos de desenvolvimento sustentável e suas metas, é mais importante considerar o potencial implícito, muito mais amplo do setor, para desempenhar um papel fundamental nos esforços coletivos da sociedade para cumprir essas metas.
A primeira questão que as pesquisadoras procuraram evidenciar em sua publicação foi o papel da indústria seguradora na prossecução de cada um desses ODS. Ao longo de sua apresentação, Margarida detalhou e comentou a importância de cada uma delas. Também abordou algumas iniciativas que envolvem o setor privado, como o Pacto Global das Nações Unidas e o lançamento dos Princípios para Seguros Sustentáveis. Por fim, a convidada compartilhou também os resultados de relatórios das seguradoras que aderiram ao Pacto Global das Nações Unidas. “Fomos à procura dos objetivos de desenvolvimento sustentáveis que cada uma dessas seguradoras identificava como algo para o qual teria contribuído no período”, relatou.
Painel II – Exposição da Mapfre Seguradora sobre práticas sustentáveis, fazendo uma analogia sobre a seguradora Europeia que atua no Brasil e o que se aplica aqui com base na apresentação do Painel I.
Para Fátima Lima, é de extrema importância que a ANSP participe das discussões de temas relacionados a ASG. Em sua visão temos muito a melhorar. “A gente percebe que os relatórios de sustentabilidade, os informes integrados de sustentabilidade estão em um processo de melhoria contínua, porque é um dos principais meios de comunicação com os nossos stakeholders”, sinalizou. Cada vez mais os relatórios de sustentabilidade estão sendo acessados por diferentes públicos. Sendo assim, é preciso tornar essa comunicação cada vez mais transparente e de fácil leitura.
Em sua fala, a executiva falou sobre a experiência da Mafre. O compromisso da seguradora com o desenvolvimento sustentável se traduz por meio de compromissos públicos dos quais a companhia participa ativamente. Um deles é o cumprimento dos ODS, que é um dos objetivos estratégicos da empresa. “Não tenho dúvidas de que o setor de seguros desempenha um papel superimportante para que os ODS sejam alcançados, pois o princípio do seguro é a gestão do risco, a prevenção e a proteção”, avaliou.
A questão da compreensão do papel do seguro no atingimento dos objetivos do desenvolvimento sustentável passa pela compreensão de todas as partes interessadas, sejam os decisores políticos, profissionais do setor, supervisores ou segurados. “Ou seja, o seguro por si só já atua como um importante elemento para o cumprimento dos ODS. Mas isso precisa ser melhor comunicado”, destacou. O seguro pode, por exemplo, ajudar na redução da pobreza, atuando como uma alavanca de crescimento de suporte para o desenvolvimento socioeconômico e fornecendo proteção financeira contra eventos adversos, como doenças e desastres naturais como estamos vendo agora aqui no Brasil. Desempenha um papel importantíssimo no desenvolvimento de infraestrutura sustentável, como a energia renovável. E tudo isso passa por um processo de comunicação. No que diz respeito a ação climática, o seguro desempenha papel fundamental na adaptação e na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, oferecendo a garantia na ocorrência de eventos climáticos adversos e contribuindo para minimizar perda.
Painel III – Setor de seguros e demais mercados: práticas aplicáveis e o que precisamos evoluir. O que funciona ou não, com base na apresentação do Painel I.
Em seu painel, a advogada Juliana Oliveira Nascimento trouxe reflexões sobre o transbordamento de rios e as inundações que estão ocorrendo no estado do Rio Grande do Sul e o importante papel que as seguradoras desempenham em situações como essa. “A minha experiência no mercado de seguros conglomera uma visão de que muitas dessas organizações e seguradoras, tem um aspecto já de um background importante do mercado europeu destacado aqui pela professora, mas que faz com que venhamos a trazer um arcabouço regulatório bastante importante que a Europa já tem com o Green Deal, com o pacto Ecológico europeu. E toda a visão do Corporate do CSRD, que tem a visão regulatória do relatório de sustentabilidade, além do trabalho importante voltado aos direitos humanos com a Corporate Sustainability Due Diligence Directive, que foi aprovada recentemente”, explicou.
Para a palestrante, é preciso entender quais são os pontos de vulnerabilidade, de visão de riscos, os gaps que carecem de adequação e quais são os impactos financeiros disso. É preciso entender, principalmente, qual é a maior contribuição que ainda se pode fazer dentro dos aspectos da sociedade, nessa visão de transformação, relacionados às questões tanto dos ODS quanto as questões próprias regulatórias que conglomeram também o ASG.
O principal ponto é entender qual que é a materialidade da visão desses riscos dentro das organizações, se eles estão devidamente mapeados, quais são as vulnerabilidades e principalmente quais são aqueles que vão demandar maior trabalho e atuação, considerando que a organização tem que, cada dia mais, criar valor e contribuir ainda mais com a sociedade dentro desse cenário.
“As seguradoras têm um papel, uma contribuição a oferecer no sentido de entender quais são os impactos de cada setor dentro das suas coberturas. Também tem grandes desafios no que diz respeito aos acessos de trabalho e também aos cuidados relativos (para coibir) trabalho escravo e situações análogas. São diversas reflexões que precisam ser feitas e muitos os cuidados a serem tomados. Além disso, existe a necessidade de se ter uma visão de materialidade de risco e o quanto é preciso trabalhar esses riscos dentro do setor de seguros, atinentes a uma visão ambiental social e de governança, e compreender quais são as lacunas a serem preenchidas”, concluiu Juliana.
Assista a live completa no canal da ANSP