No pós-pandemia, um dos principais desafios do mercado será o de moldar produtos adequados para as camadas da população que ainda não tiveram acesso ao seguro, pois crescerá muito a demanda por proteção. A afirmação foi feita pelo presidente da Fenacor, Armando Vergilio (foto), ao participar da live “CNC Responde”, promovida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), na qual abordou diferentes questões de grande relevância para o mercado de seguros e, particularmente, para os corretores.
Ele apontou o microsseguro como alternativa para esse novo cenário, mas, lembrou que esse tipo de produto ainda não teve sucesso no Brasil, porque necessita de uma escala muito alta, o que pode surgir agora.
Vergilio projetou uma profunda mudança no comportamento do mercado, que, segundo ele, “dificilmente vai retornar ao modelo de atividade que se tinha”.
Para o presidente da Fenacor, além do home office ganhar força, por vir “funcionando muito bem”, haverá necessidade de mais dinamismo nas relações e de reprecificação dos produtos, além do desenvolvimento de novas modalidades que permitam maior acessibilidade principalmente das pessoas das classes C, D e E.
Nesse contexto, deverá prevalecer e ficar ainda mais evidente o relevante papel que cabe ao corretor de seguros. “Os corretores vêm demonstrando a sua importância estratégica para a continuidade dos negócios e para amparar as pessoas e as famílias”, salientou Armando Vergilio.
O presidente da Fenacor frisou que os corretores agiram rapidamente e conseguiram a dilatação do prazo de pagamento dos prêmios do seguro. Com isso, muitas apólices não foram canceladas com a perda de direitos. A categoria também teve que trabalhar com afinco para atender o amento vertical na procura por seguros de vida e de saúde.
Ele acrescentou que o mercado de seguros, como um todo, “respondeu muito bem” às novas necessidades que surgiram com a pandemia, com destaque para a ampla adesão de seguradoras à campanha lançada pela Fenacor para que o mercado pudesse afastar a cláusula de exclusão de pandemias. “Rapidamente atenderam nossa solicitação. Praticamente quase todas estão pagando as indenizações nos seguros de pessoas”, relatou, assinalando ainda que, nos seguros patrimoniais, está sendo feita a avaliação em casos como o fiança locatícia, uma vez que muitas pessoas e empresas não estão conseguindo pagar o aluguel em decorrência da pandemia.
Em contrapartida, ele lamentou o comportamento da Susep, que, “ao contrário do que vem ocorrendo em praticamente todos os demais segmentos da economia, não apresentou, até agora, qualquer medida de incentivo para o desenvolvimento do mercado de seguros no pós-pandemia”, disse, acrescentando: “O seguro pode ser um grande fator para desonerar o Estado. Então, o Governo precisa pensar em medidas para desenvolver o setor, que é muito resiliente, e tem crescido muito acima da média da economia há praticamente 15 anos, mesmo em anos mais difíceis”, observou Vergilio, enfatizando que o mercado dispõe de reservas da ordem de R$ 1 trilhão que podem ser aplicadas no setor produtivo, fortalecendo a poupança interna e ajudando na retomada do crescimento econômico.
Nesse cenário, o mercado também se destaca por gerar praticamente 500 mil empregos diretor, dos quais 400 mil por corretores de seguros, isso sem contar os prestadores de serviços e rede credenciada, como oficinas, hospitais, laboratórios e fornecedores do setor.
PESQUISA
Armando Vergilio falou ainda sobre o ICSS, a pesquisa mensal que a Fenacor realizada para medir o grau de confiança dos corretores de seguros e do mercado. “A partir de fevereiro, a confiança já não estava tão grande e a atuação da Susep colaborou muito. Veio a pandemia e, hoje, temos baixa confiança para os resultados que serão apurados nos próximos meses”, disse o presidente da Fenacor.
Apesar de as perspectivas não serem otimistas, ele manifestou esperança de um futuro promissor, até pelo que o mercado mostrou em outros momentos de dificuldades.
Por fim, ele explicou como será a edição de 2020 do “Prêmio Nacional de Jornalismo em Seguros”, que foi confirmada, mesmo diante da grave crise provocada pela pandemia do coronavírus, graças à parceria firmada com a Escola de Negócios e Seguros (ENS). “Buscamos essa parceria com a ENS que abraçou a proposta e viabilizou a realização do prêmio, que é um dos maiores do Brasil e que, na última edição, teve mais de mil trabalhos de altíssima qualidade inscritos. As inscrições serão abertas a partir de 1º de julho”, revelou.