A economia brasileira enfrenta agora desafios inéditos para voltar a crescer. Justamente para identificar os riscos à frente, a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) reuniu especialistas no webtec “O setor de seguros e os primeiros sinais de retomada econômica”.
“O principal propósito do encontro foi demonstrar o elo entre a economia e o seguro, e sua dependência à produção, ao emprego e à renda para ganhar tração”, assinalou o economista do Comitê de Estudos de Mercado da CNseg, Pedro Simões, que moderou o encontro. Participaram também Ana Flávia Ribeiro Ferraz, Gerente Departamental da Bradesco Vida e Previdência e Presidente da Comissão de Produtos de Risco da FenaPrevi; a economista Luana Miranda, Pesquisadora da Área de Pesquisa Aplicada da FGV/IBRE, e Thisiani Martins, Presidente da Comissão de Riscos Patrimoniais e de Grandes Riscos da FenSeg.
Em sua apresentação, a economista Luana Miranda lembrou que, em virtude da pandemia que enfraqueceu setores econômicos importantes e comprometeu milhões de postos de trabalho, aportes do governo foram necessários para ajudar empresas e pessoas. Os desembolsos foram importantes para impedir uma recessão ainda mais severa, mas pioraram as contas públicas e colocou mais pressão sobre o equacionamento do deficit fiscal.
Após um segundo trimestre complexo, o PIB do terceiro deu fortes sinais de recuperação, algo que melhorou a confiança dos agentes. Mas a dependência às medidas emergenciais temporárias, incluindo auxílio emergencial, cessão de crédito, torna, hoje, difícil antever como se comportará a economia brasileira em 2021.
Ela projeta uma expansão de 3,5% no próximo ano, mas reconhece que não é algo muito significativo por ter uma base comprimida, em razão da recessão de 2020. Os problemas da economia não são recentes. Fragilizada desde a última crise econômica (2014/2016, com perda de 8% do PIB no período de 11 trimestres), a economia brasileira conviveu com baixas taxas de crescimento na sequência e, atropelada pela pandemia declarada em março, teve contração de 12% em apenas dois trimestres de 2020, sem recuperar-se das perdas causadas pela pandemia, ao contrário do que ocorreu no passado, mesmo parcialmente.
Há muitas variáveis que podem abreviar um crescimento duradouro ou pelo menos retardá-lo. O risco fiscal e a inflação são duas das variáveis mais importantes. A questão fiscal, explosiva, pode afetar a recuperação dos empregos e renda, afugentar investimentos e manter o dólar elevado, ao se aproximar de 100% do PIB. O câmbio, por sua vez, pode colocar ainda mais lenha no viés de retomada da inflação. Sem contar que um ambiente pouco amigável para os negócios pode atrapalhar diversas atividades de serviços, o segmento mais afetado pela pandemia.
Thisiani Martins, Presidente da Comissão de Riscos Patrimoniais e de Grandes Riscos da FenSeg, reconhece a complexidade do cenário econômico e imagina que as modalidades e ramos de seguros de Danos e Responsabilidades vão avançar de forma desalinhada, seguindo a lógica de mercado aos quais se destinam as coberturas. Esse comportamento de crescimento heterogêneo também tende a permanecer nos seguros de Vida e nos planos de acumulação. Segundo Ana Flávia Ribeiro Ferraz, Gerente Departamental da Bradesco Vida e Previdência e Presidente da Comissão de Produtos de Risco da FenaPrevi, enquanto os planos de acumulação ainda buscam seu ponto de equilíbrio, após uma sequência de resgates ocorridos no começo da pandemia, o seguro de Vida segue uma trajetória mais confortável. Quando todos estarão na rota de crescimento, não só os seguros de Pessoas, mas os Danos e Responsabilidade, ainda não há respostas.