Apesar de serem maioria entre a população e se destacarem em muitos segmentos dos negócios, as mulheres ainda ocupam pouco espaço no mercado da tecnologia. De acordo com um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), elas representam apenas 20% dos profissionais da área.
No âmbito global, esses dados preocupam ainda mais. Um estudo da McKinsey sobre o crescimento da participação feminina nos mercados em geral, entre 2015 e 2019, mostrou que as mulheres ocupam cerca de 21% dos cargos de C-level, enquanto que no mercado de tecnologia, não chegam a ocupar nem mesmo 5% dessas posições.
“As mulheres são minoria, como em todas as áreas de STEM – Science, Technology, Engineering and Math (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). No Brasil, cientistas mulheres ocupam 49% entre todos os pesquisadores. Na área de tecnologia, no entanto, apenas 20% dos profissionais são mulheres. Além disso, elas representam apenas 25% dos graduados nas áreas de tecnologia nos últimos anos”, diz a Júnia Ortiz, embaixadora e comandante do evento Women in Data Science (WiDS) Salvador.
Desigualdade de gênero e processo seletivo
Pesquisas apontam que a desigualdade feminina não somente é sentida no mercado de trabalho, como também nas turmas de graduação e nos próprios processos seletivos abertos para diferentes cargos.
Um estudo divulgado pelo Revelo no ano passado, que analisou mais de 212 mil candidatos e 27 mil ofertas publicadas na plataforma, mostrou que as mulheres representam só 13% das candidaturas para cargos de Desenvolvimento, enquanto os homens representam 87% dos candidatos inscritos. Por outro lado, as candidaturas femininas para carreiras de Marketing Online e Negócios são muito maiores.
“Por trás desse fenômeno, talvez ainda existam estereótipos sócio-culturais sobre as carreiras mais técnicas, consideradas como “carreiras de meninos”. Essa pré-concepção surge desde o início do percurso educacional de meninos e meninas, e passa adiante ideias profissionais enviesadas e antiquadas”, diz o relatório da Revelo.
Diversidade e engajamento profissional
Na contramão desse cenário, empresas e projetos voltados para inclusão da mulher no mercado de trabalho têm contribuído para a disseminação da diversidade e engajamento profissional feminino nesse mercado.
A BRLink, empresa de tecnologia do setor de Cloud, Data & Analytics e Inteligência Artificial & Machine Learning, é uma das empresas que estão empenhadas em integrar mais mulheres em seu time técnico e, para isso, abriu diversas vagas e criou um comitê de diversidade na empresa.
“Atualmente temos conseguido conquistar mais mulheres para a área de tecnologia, no entanto, ainda é difícil encontrá-las, justamente pela falta de profissionais mulheres. Por isso, estamos a procura dessas profissionais em mídias, fóruns e em canais de engajamento feminino na área de tecnologia”, garante a Head de Gente & Gestão da BRLink, Ana Paula Di Roberto.
A gestora explica que a empresa valoriza a posição de mulheres em cargos de liderança e, não apenas assim o faz como também preza pela igualdade de direitos, sobretudo, em relação a questões salariais. “O que importa para nós são as competências técnicas e comportamentais”, complementa Ana.
Assim como a BRLink, a empresa B2W Digital abriu processo seletivo exclusivo para mulheres na área de tecnologia, o B2W for Women. Da mesma forma, o Banco BV anunciou recentemente um programa de estágio só para mulheres com vagas em diversas áreas de negócio, dentre elas, tecnologia.