
Mesmo diante dos efeitos da cobrança do IOF nos planos de Previdência Aberta, o Setor Segurador brasileiro deverá crescer 8% em 2026, de acordo com projeção divulgada pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). A estimativa considera todos os segmentos, exceto a Previdência Aberta, que ainda não dispõe de parâmetros suficientes para cálculo em razão da mensuração do IOF.
O presidente da Confederação, Dyogo Oliveira (foto), destacou que o impacto do IOF ainda é muito imprevisível, especialmente porque, no próximo ano, haverá novamente uma mudança de regra. “Até 2025, depósitos de até R$ 300 mil por seguradora estão isentos de IOF. Em 2026, o limite passa para R$ 600 mil, mas a regra passa a considerar também o agregado de mercado, ou seja, somando todos os aportes do segurado em uma ou mais seguradoras.Não há como antecipar como o cliente irá se comportar diante desse novo cenário”, citou.
Mesmo assim, de acordo com o executivo, o crescimento projetado é positivo. “Com uma inflação estimada em 4%, estamos falando de um avanço real de 4%, um crescimento robusto e distribuído entre diversos ramos do setor.”
A CNseg também divulgou suas projeções macroeconômicas para 2026. O Produto Interno Bruto (PIB) pode alcançar crescimento de 1,95%, percentual mais otimista do que o previsto pelo Boletim Focus do Banco Central, que projeta alta de aproximadamente 1,8%. A entidade projeta ainda uma taxa Selic de 12% ao final do ano, contra os 15% deste ano. Já o IPCA estimado para 2026 é de 4,08%, e o câmbio médio de R$/US$ 5,38.
Seguro Automóvel – Entre os produtos com melhor desempenho projetado para o próximo ano, o seguro Automóvel deve crescer 7,7% em 2026. Entre janeiro e setembro deste ano, o produto arrecadou R$ 45,2 bilhões, alta de 6,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.O avanço reflete principalmente a estabilidade da sinistralidade, que se manteve em 59,8% até setembro de 2025, e o aumento das vendas de veículos – em especial, os elétricos e híbridos, que, de acordo com dados da Fenabrave, seguem atraindo consumidores, podendo fortalecer a demanda pelo produto no próximo ano.
Seguro Habitacional – O seguro Habitacional também segue em trajetória de expansão, acompanhando o aquecimento do mercado imobiliário. A projeção é de crescimento de 10,2% em 2026. Entre janeiro e setembro deste ano, o produto registrou alta de 12,2%, totalizando R$ 5,9 bilhões arrecadados.
Segundo a ABRAINC, nos oito primeiros meses deste ano, houve crescimento de 25,2% no número de unidades lançadas no país, impulsionado principalmente pelo programa Minha Casa Minha Vida.
Estudo da ABRAINC, em parceria com a Brain Inteligência Estratégica, mostra que a intenção de compra de imóveis nos próximos 24 meses permanece elevada, especialmente entre consumidores da Geração Z, dos quais 62% demonstram algum grau de intenção de adquirir um imóvel.
Seguros Transporte e Garantia – O segmento de Transporte também apresenta boas estimativas para o próximo ano. A CNseg projeta alta de 6,6%, resultado influenciado pela expansão do comércio eletrônico e pela maior demanda logística. Mesmo com a redução na procura por bens industriais e com o arrefecimento da demanda da produção agropecuária, o avanço permanece sustentado pelas operações do embarcador nacional, do embarcador internacional e do transportador.
Outro destaque é o seguro Garantia, essencial em obras públicas, concessões, licitações e contratos fiscais. O produto deve crescer 12,1% em 2026, impulsionado pelo aumento esperado na demanda por Garantia Judicial, motivado pela expectativa de baixa no estoque de processos do Carf, a ser liquidado até 2026, pela entrada em vigor da nova Lei de Seguros, pela Reforma Tributária e pelo investimento de R$ 1,7 trilhão previsto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) até 2027.
Seguro Rural – Por outro lado, o desempenho do seguro Rural segue como ponto de alerta para o setor. O produto deve crescer apenas 2,3% em 2026, impactado pela inadimplência elevada em 2025, que chegou a 11,4% em outubro — o maior patamar da série histórica — e pelas incertezas em torno do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR).
Em 2025, o PSR cobriu 2,2 milhões de hectares, menos de 5% da área agricultável nacional. Apesar das limitações, o produto apresenta melhora em relação à expectativa para 2025, que aponta para uma queda de 6,4%.
A CNseg destaca ainda a possibilidade de uma revisão positiva neste produto, caso a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026 seja aprovada e o Projeto de Lei nº 2.951/2024 avance no Congresso, transformando a subvenção ao prêmio do seguro rural em despesa obrigatória da União e permitindo a implementação do Fundo de Catástrofe, com aportes públicos de até R$ 4 bilhões.
Mercado segurador de janeiro a setembro de 2025
Nos três primeiros trimestres de 2025, o Setor Segurador ratificou seu papel essencial na proteção financeira de famílias e empresas. Quase R$ 200 bilhões foram pagos aos consumidores por meio de indenizações, resgates, benefícios previdenciários e sorteios de capitalização, crescimento de 9,7% — desconsiderado o segmento de Saúde — em relação ao mesmo período de 2024.
Do lado das receitas, o setor movimentou R$ 313 bilhões até setembro, mas registrou queda de 3,4% em relação ao ano anterior, influenciada pelo comportamento dos planos de Previdência Aberta. Ainda assim, os demais segmentos mantiveram desempenho sólido e têm garantido a expansão do mercado.
| Projeção de Arrecadação do Mercado Segurador – crescimento nominal | Projeção Atual | Projeção Atual | ||||
| 2025/2024 | 2026/2025 | |||||
| Realizados 2024 x 2023 | Cenário Base | Cenário Base | ||||
| DANOS E RESPONSABILIDADES | 7,4% | 6,9% | 8,5% | |||
| Automóveis | 3,2% | 6,6% | 7,7% | |||
| Patrimonial | 16,3% | 11,5% | 11,2% | |||
| Massificados | 15,4% | 13,2% | 12,6% | |||
| Riscos Diversos | 22,4% | 11,0% | 8,8% | |||
| Grandes Riscos | 14,4% | 9,3% | 11,1% | |||
| Risco de Engenharia | 12,2% | 24,9% | 13,7% | |||
| Outros Patrimonial | 14,8% | 0,7% | 6,5% | |||
| Habitacional | 11,2% | 12,4% | 10,2% | |||
| Transportes | 5,5% | 7,6% | 6,6% | |||
| Embarcador Nacional | -17,7% | 21,7% | 9,9% | |||
| Embarcador Internacional | 15,7% | 1,0% | 9,7% | |||
| Transportador | 14,1% | 4,3% | 4,5% | |||
| Riscos Financeiros | 14,4% | 14,1% | 12,5% | |||
| Crédito | 2,3% | 3,4% | 12,0% | |||
| Garantia | 17,6% | 17,3% | 12,1% | |||
| Fiança Locatícia | 23,3% | 17,9% | 14,7% | |||
| Outros | -4,3% | -2,0% | -0,1% | |||
| Garantia Estendida | 10,9% | 9,5% | 10,5% | |||
| Responsabilidade Civil | 11,9% | 3,8% | 9,6% | |||
| Rural | 1,5% | -6,4% | 2,3% | |||
| Marítimos e Aeronáuticos | 21,1% | 14,6% | 9,0% | |||
| Outros | -0,3% | -11,6% | 5,0% | |||
| COBERTURAS DE PESSOAS | 15,6% | -10,3% | – | |||
| Seguros de Pessoas | 15,5% | 9,0% | 8,6% | |||
| Vida | 12,5% | 12,7% | 12,3% | |||
| Prestamista | 21,4% | 7,0% | 6,7% | |||
| Viagem | 13,1% | 6,1% | 10,9% | |||
| Outros Planos de Risco | 18,2% | 6,5% | 6,3% | |||
| Planos Tradicionais (Risco) | -4,0% | -6,6% | -21,2% | |||
| Previdência Aberta | 15,7% | -17,8% | – | |||
| Família VGBL | 16,3% | -19,4% | – | |||
| Família PGBL | 9,9% | 0,2% | – | |||
| Planos Tradicionais (Acumulação) | -3,6% | -10,3% | – | |||
| CAPITALIZAÇÃO | 6,9% | 9,2% | 8,5% | |||
| MERCADO s/ SAÚDE | 12,3% | -3,6% | – | |||
| MERCADO s/ SAÚDE e Previdência Aberta | 9,7% | 7,9% | 8,5% | |||
| SAÚDE (Arrecadação) | 12,1% | 9,0% | 7,6% | |||
| MERCADO s/ Previdência Aberta | 11,1% | 8,5% | 8,0% | |||
| MERCADO | 12,2% | 1,7% | – |









