Carros sustentáveis e tecnologia estão redefinindo o mercado de seguros automotivos

0
16

(*) Por Michel Tanam (foto), gerente da Creditas Seguros

Durante muito tempo, o mercado de seguros automotivos seguiu um padrão quase imutável: o motorista era o mesmo, o carro era o mesmo, e o risco se calculava com base em comportamentos. Hoje, esse modelo está ficando para trás. Estamos diante de uma transformação silenciosa e ao mesmo tempo poderosa, impulsionada pela tecnologia, pela mudança no perfil dos consumidores e pela chegada definitiva dos veículos sustentáveis.

O recente Decreto nº 12.549, de 10 de julho de 2025, que reduziu o IPI para carros mais sustentáveis como os elétricos e híbridos, é um marco importante nesse caminho. Ao diminuir a diferença de preço entre esses modelos e os tradicionais, o governo acelera a renovação da frota e cria um efeito dominó em toda a cadeia, da indústria às seguradoras. Cada novo carro elétrico em circulação é também uma nova base de dados, uma oportunidade para entender melhor o risco e de oferecer produtos mais personalizados.

De acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o Brasil já ultrapassou meio milhão de veículos eletrificados leves. E esse número só tende a crescer: projeções da McKinsey indicam que poderemos chegar a 11 milhões até 2040. Um crescimento tão exponencial muda a forma de dirigir, de abastecer, de manter — e, claro, de segurar.

O que muita gente não sabe é que o fato de ser um veículo elétrico não torna o seguro, por si só, mais caro ou mais barato. O valor de reposição das peças desses carros maior, portanto, os custos de reparo também aumentam, e as seguradoras repassam esse risco para o valor da apólice. Além disso, a manutenção e o conserto desses carros exigem mão de obra e oficinas especializadas, o que também contribui para o aumento do custo total.

Mas, embora o alto custo das peças seja um fator relevante, ele não é o único. O preço do seguro também depende de outros elementos importantes, como o perfil do motorista e as coberturas escolhidas. O cálculo continua sendo feito com base em variáveis tradicionais, como o perfil do motorista, o local onde o carro circula e o histórico de roubo ou furto.

Na prática, estamos construindo um novo ecossistema. Hoje já existem assistências específicas, como guincho até pontos de recarga, cobertura para cabos e carregadores residenciais e proteção contra danos à bateria. São detalhes que parecem pequenos, mas fazem toda a diferença quando o consumidor entende que a proteção deve acompanhar o avanço da tecnologia.

E é aí que entra o papel da inovação. Na Minuto Seguros, temos usado inteligência artificial e análise de dados para compreender como o cliente se comporta, o que ele valoriza e de que forma podemos oferecer uma jornada mais simples e transparente. O seguro precisa deixar de ser visto como uma despesa e passar a ser entendido como o que ele de fato é: uma forma de cuidar daquilo que nos dá liberdade.

Estamos diante de um caminho sem volta. Assim como vimos com os seguros para equipamentos portáteis, como celulares, câmeras e notebooks que surgiram por influência da alta demanda, no campo do seguro de automóveis podemos esperar por soluções mais customizadas, como produtos modulares que combinem proteção veicular com serviços relacionados a energia, como recarga e manutenção preventiva. A apólice se tornará, cada vez mais, uma experiência adaptável a diferentes contextos e realidades.

O carro elétrico chegou para mudar a mobilidade e, junto com ele, vem também a chance de o mercado de seguros se reinventar, tornando-se mais conectado, mais acessível e mais consciente do seu papel no futuro sustentável.

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.