Indústria automotiva e setor de seguros se unem na Casa do Seguro para impulsionar a descarbonização

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O “Fórum da Indústria Automotiva & Seguros na COP30”, realizado na quinta-feira (13) na Casa do Seguro, em Belém (PA), durante a COP30, reuniu montadoras, seguradoras, especialistas e representantes internacionais, em uma iniciativa conjunta da CNseg e da ANFAVEA.

O encontro destacou como a inovação tecnológica, a economia circular e a colaboração entre setores estão redefinindo o futuro da mobilidade de baixo carbono no Brasil, evidenciando o papel estratégico do setor de seguros nesse processo.

Descarbonização do setor automotivo

Moderado por Henry Joseph Jr., assessor especial da presidência da ANFAVEA, o painel “Descarbonização do setor automotivo” abriu o Fórum afirmando: “o setor automotivo brasileiro está acelerando sua transição energética em múltiplas frentes: veículos leves e pesados, biocombustíveis, eletrificação, ciclo de vida dos produtos e captura de carbono”.

Estratégias das montadoras para emissões mais baixas

Fabio Rua, vice-presidente para a América do Sul da GM, reforçou o compromisso da montadora com a transformação energética. “Descarbonização é o nome do jogo. Até 2030, todos os veículos produzidos pela GM no Brasil terão algum tipo de eletrificação.”

Ele também destacou o primeiro veículo totalmente elétrico produzido no país, no estado do Ceará, e reforçou a meta global de atingir a neutralidade de carbono até 2040, ressaltando que o Brasil já apresenta avanços significativos no uso de energia renovável em suas plantas industriais.

Gustavo Bonini, diretor institucional da Scania na América Latina, estruturou sua fala.

“Não existe sustentabilidade sem produção local. Hoje já temos todas as tecnologias de descarbonização produzidas no Brasil”, afirmou.

Bonini ressaltou o potencial do biometano, a capacidade nacional de produção de B100 e os desafios de infraestrutura para eletrificação em longas distâncias.

Para João Irineu, VP de Assuntos Regulatórios da Stellantis, o Brasil tem uma vantagem competitiva única: matriz energética limpa e diversidade de soluções.

“Descarbonizar exige que cada tecnologia caiba no bolso do cliente. Essa é a transição equilibrada que o Brasil pode faze”, disse.

Irineu lembrou que programas como Inovar-Auto, Rota 2030 e Mover já representam 35% de redução de CO₂ em 10 anos, um feito raro mesmo entre países desenvolvidos.

Múltiplas rotas tecnológicas

Priscila Rocha, gerente de Sustentabilidade da Volkswagen Caminhões e Ônibus, enfatizou que o transporte pesado exige diversidade tecnológica. “O Brasil precisa de muitas soluções. Trabalhamos com biodiesel, biogás, híbridos e elétricos porque cada cliente tem uma realidade.”

O diretor de Comunicação e presidente da Fundação Toyota, Roberto Braun, trouxe a visão de que nenhuma tecnologia sozinha resolverá o desafio climático. “É preciso combinar alternativas. No Brasil, biocombustíveis e híbrido flex são caminhos naturais.”

Sinistros como fonte relevante de emissões

João Paulo Sertã, diretor de Green Finance do ILB Labs, apresentou um estudo pioneiro sobre descarbonização na cadeia de sinistros.

Sertã mostrou como colisões, reparos, deslocamento de oficinas e substituição de peças compõem uma “camada invisível” de emissões. “Cada sinistro desencadeia uma série de atividades que emitem carbono, e isso é pouco estudado. O setor de seguros tem um papel muito maior do que imaginamos na agenda climática”, enfatizou.

O estudo, feito com seguradoras e peritos franceses, apresenta alavancas de descarbonização e incentiva o debate sobre práticas mais sustentáveis na gestão de indenizações.

Do sinistro à sustentabilidade: salvados e economia circular

Moderado por André Vasco, diretor de Serviços às Associadas da CNseg, o painel “Do sinistro à sustentabilidade: salvados e economia circular” discutiu como a cooperação entre seguradoras e indústria automotiva pode transformar salvados em vetor de sustentabilidade.

Economia circular como política de negócio

Participaram Daniel Morroni (Renova Cap), Gilberto Martins (ANFAVEA), João Irineu (Stellantis) e Marlon Otoni (Allianz).

Os debatedores abordaram melhorias regulatórias, rastreabilidade, reutilização de peças, reciclagem e a necessidade de padronização de processos.

Morroni resumiu a missão: “Salvados não são resíduos: são recursos. E precisam ser tratados como parte da agenda de descarbonização.”

Sinergias entre os setores de seguros e automotivo

Moderado por Renata Agostini (ANFAVEA), o painel “Sinergias entre os setores de seguros e automotivo” destacou a convergência entre inovação de produtos, economia circular e novos modelos de prevenção de riscos.

Participaram Andrea Serra (ANFAVEA), Gustavo Bonini (Scania), Ivani Benazzi (Bradesco Seguros) e Keila Farias Rocha (Tokio Marine).

Um dos pontos centrais foi o potencial do tratamento de salvados como mecanismo de redução de impacto ambiental e geração de eficiência econômica.

Ivani Benazzi apontou que “o setor de seguros tem capacidade de induzir comportamentos sustentáveis nas cadeias produtivas.”

O papel estratégico do setor de seguros

No encerramento, o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, reforçou que o setor de seguros tem papel decisivo na coordenação entre indústria, governo e sociedade.

“A transição climática exige implementação. O setor de seguros pode acelerar investimentos, estimular inovação e garantir que os riscos da descarbonização sejam administráveis”, disse Oliveira.

Dyogo ressaltou a conexão entre o Fórum e a estratégia da Casa do Seguro. “Estamos aqui para mostrar que o seguro é parte da solução. Não existe transformação produtiva sem gestão de riscos — e é isso que o nosso setor entrega.”

A visão da ANFAVEA

Igor Calvet, presidente da ANFAVEA, celebrou a parceria estruturada com a CNseg e reforçou que a COP30 é um momento histórico para que Brasil e indústria avancem juntos.

Fórum que cria pontes e acelera agendas

O encontro demonstrou que a descarbonização do setor automotivo brasileiro não é apenas possível, mas está em curso, com participação ativa de montadoras, seguradoras, especialistas e formuladores de políticas públicas.

A mensagem final, sintetizada ao longo dos debates, foi que, para alcançar as metas climáticas brasileiras, a indústria automotiva e o setor de seguros precisam caminhar lado a lado, compartilhando dados, riscos, investimentos e inovações.

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