Os impactos da pandemia nos setores regionais dos seguros

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Em termos práticos, buscando abordar os impactos da COVID-19 nos setores regionais de seguros, vida e previdência, saúde suplementar e capitalização, a Confederação Nacional das Seguradoras – CNseg promoveu a quarta edição da série “CNseg Webinars”. O evento em 3 de junho reuniu o presidente da Confederação e diretor-presidente da Fenaseg, Marcio Coriolano, o presidente do Sindicato das Seguradoras da Bahia, Sergipe e Tocantins, Alexandro Barbosa – também diretor Regional N/NE da Allianz Seguros,  o  presidente do Sindicato de São Paulo, Rivaldo Leite, também vice-presidente de Vendas e Marketing da Porto Seguro,  o presidente do Sindicato de Minas-Gerais, Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal, Marco Antonio Neves,  além de diretor da SulAmérica Seguros, e o presidente do Sindicato do Norte e Nordeste, Ronaldo Dalcin, também superintendente Comercial Nordeste da Tokio Marine.

Marcio Coriolano (foto) iniciou os debates apresentando um panorama do setor segurador brasileiro. Segundo ele, o setor nacional de seguros movimenta anualmente mais de R$ 470 bilhões e possui ativos na ordem de R$ 1,2 trilhão, sendo, individualmente, “o setor da economia que mais forma poupança interna”. E ressaltou:  “Essa solidez ajudará o setor a atravessar esse momento difícil em que vivemos; até o primeiro trimestre de 2020, o setor segurador cresceu mais que a sua média histórica registrada desde 2008”.

De acordo com Ronaldo Dalcin, o setor segurador foi auxiliado pelo fato de estar “completamente inserido no processo de transformação digital”, o que permitiu, por exemplo, que as seguradoras pudessem implantar os regimes de home office rapidamente, sem comprometimento da qualidade dos serviços prestados a clientes e parceiros. Entretanto, alertou para a necessidade de adequação dos produtos para a nova realidade e para os novos consumidores que se apresentam. E sugeriu adotar maior simplificação e customização dos produtos de seguro, de acordo com o comportamento dos clientes.

Já Marco Neves afirmou que o aumento da percepção da necessidade de proteção por parte de sociedade reforça a cultura do seguro. Para Neves, o setor sairá fortalecido da crise devido às mudanças que estão sendo implementadas. Destacou, também, o papel da tecnologia que, segundo ele, “vem ditando o ritmo das mudanças e alterando hábitos dos consumidores e da indústria de seguros”. Como exemplo, citou o microsseguro que, em sua análise, “será alavancado justamente por essas novas tecnologias”. Marco afirmou também que “as seguradoras devem traduzir melhor para os corretores as informações que possuem”, subsidiando-os para aprimorar o diálogo com os clientes.

Alexandro Barbosa reconheceu também a capacidade de reação das seguradoras à pandemia e destacou a resiliência do setor. Barbosa alertou para o potencial gigantesco a ser explorado no mercado de pequenas e médias empresas. Para tanto, defendeu maior simplificação dos produtos, permitindo que os corretores alcancem maior capilaridade. Os corretores foram parabenizados por Alexandro pelo profissionalismo demonstrado especialmente nesse período de isolamento social.

Aproveitando a oportunidade, o presidente da CNseg esclareceu, detalhadamente, baseado nos questionamentos do público que acompanhava o webinar, que as seguradoras não precisam informar o percentual de comissão dos corretores em suas apólices ou contratos. “Não há previsão legal para tal”, afirmou Coriolano. O comando da norma é claro, no sentido de atribuir aos corretores a obrigação de informar o valor aos proponentes de seguros na fase de propostas. Às seguradoras, o comando é de zelar para que os corretores saibam dessa obrigação, complementou.

Rivaldo Leite começou sua participação no evento citando a frase “por favor, não desperdicem a crise”, alegando que as crises ajudam a acelerar processos de inovação, como foi o caso da telemedicina que, segundo ele, “só andou quando a crise chegou”.

Para Rivaldo, o momento é de união. “A  concorrência deve ser deixada um pouco de lado para todos colaborarmos com o mercado”, observou. E destacou que, em sua análise, as mudanças climáticas podem vir a gerar impactos ainda mais nocivos que a pandemia do novo coronavírus.

Ao ser abordado por Marcio Coriolano com a pergunta “se o home office veio para ficar?”, Rivaldo Leite afirmou que o importante é a produtividade e as entregas, independentemente do local de trabalho. Entretanto, afirmou:  “Esse modelo também pode desgastar mais as pessoas, sugando a energia e o poder de concentração, obrigando que as empresas adotem um processo de implantação gradual”.

Na próxima quarta-feira, 10 de junho, a partir das 10 horas, será realizada a quinta edição da série “CNseg Webinars”. O evento terá como participantes o presidente da CNseg e da Fenaseg e os presidentes de Sindicatos de Seguradoras do Rio de Janeiro e Espírito Santo; Paraná e Mato Grosso do Sul; Santa Catarina e Rio Grande do Sul. 

COVID-19 ainda não afeta o resultado operacional

do setor segurador no primeiro trimestre

A queda dos resultados na linha final das seguradoras, entidades abertas de previdência privada e empresas de capitalização, no primeiro trimestre do ano, demonstra os  impactos da perda geral do valor das ações no mercado financeiro e da queda da taxa de juros. Já os demais indicadores, como as receitas operacionais, ainda não foram afetados pelo novo coronavírus, informa a Conjuntura CNseg (edição nº 22). “Houve uma queda nos resultados financeiros, mas o impacto da COVID-19 ainda não figurou no setor, até porque os primeiros efeitos do estado de emergência ocorreram na última semana de março”, afirma o presidente da Confederação Nacional das Seguradoras – CNseg, Marcio Coriolano.

A instabilidade do mercado financeiro e o ajuste da taxa de juros já vinham acontecendo antes da pandemia. Para o conjunto das seguradoras, o resultado financeiro, de R$ 1,5 bilhão no primeiro trimestre, encolheu 49,4% em relação ao mesmo período de 2019, levando o lucro líquido a R$ 1 bilhão, 50,1% menor na comparação de igual período.

No segmento de previdência privada, a queda do lucro líquido foi de 35,1%. Na capitalização, o resultado financeiro e o lucro líquido global foram, respectivamente, R$ 20 milhões e R$ 188,5 milhões, correspondendo à queda de 92,8% e 46,0%, na mesma sequência. Ainda assim, segundo Marcio Coriolano, o setor segurador mantém níveis adequados de solvência, somando, ao final do primeiro trimestre de 2010, provisões técnicas de R$ 1,1 trilhão, com um total de ativos superior a R$ 1,2 trilhão.

Na margem (variação mês a mês), a arrecadação de prêmios é outro indicador que mostra que as altas taxas de crescimento observadas desde o segundo semestre de 2019 não conseguem se sustentar. A receita de março último, de R$ 19,9 bilhões, foi 4,3% inferior à obtida em fevereiro, que já caíra 11,5% na comparação com o mês anterior. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o dado é positivo, com crescimento de 3,3% em março e outros 4% em fevereiro sobre o mesmo mês de 2019, ano que teve um desempenho tímido nos meses iniciais em termos de prêmios.

No primeiro trimestre deste ano, constata-se evolução operacional do setor, acumulando R$ 64,5 bilhões, o que corresponde evolução de 7,8% na arrecadação sobre os três primeiros meses de 2019. Na ótica de 12 meses, móveis fechados em março, o crescimento foi de 12,5%, maior ainda do que o obtido em fevereiro (12,2%), mais uma vez em razão de um desempenho tímido nos primeiros meses de 2019.

Os dados de abril, já disponibilizados pela Susep, e em fase de análise, serão objeto da próxima edição da Conjuntura CNseg (nº 23).

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