Transformações econômicas, sociais e tecnológicas das últimas décadas e as repercussões de tudo isso no mercado segurador foram a tônica do painel de abertura da Conseguro 2021 – “Percepções do Brasil de Hoje”, na manhã de segunda-feira, 27. Participaram da discussão o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida; a superintendente da Susep, Solange Paiva Vieira; o diretor-presidente da ANS, Paulo Roberto Rebello, e lideranças do mercado segurador – os presidentes da CNseg, Marcio Coriolano; da FenSeg, Antonio Trindade; da FenaSaúde, João Alceu Amoroso Lima; da FenaPrevi, Jorge Nasser; da FenaCap, Marcelo Farinha; e da Fenacor, Armando Vergílio dos Santos Júnior.
O presidente da CNseg, Marcio Coriolano, reconheceu que o Brasil passou por momentos verdadeiramente transformadores nas duas últimas décadas, de nova ordem mundial, crises econômicas, passando por um inédito ciclo de inovação e multiplicação das mídias social, até chegar à emergência e superação da pandemia. Segundo ele, o mercado de seguros respondeu positivamente aos desafios observados nas duas últimas décadas. “Os números do mercado evidenciam não só o crescimento de receitas, mas também o desenvolvimento de tecnologias, de processos inovadores e da competitividade no setor”, assinalou.
Em sua fala, o secretário Adolfo Sachsida destacou o avanço de parte da agenda liberal, sua ajuda em ampliar a resiliência econômica durante a pandemia, a maior crise sanitária dos últimos 100, e a retomada em forma de V, beneficiada também pelos acertos das medidas de política econômica adotadas no ano passado para socorrer pessoas e empresas.
A atualização do marco regulatório de seguro, vida e previdência e capitalização mira ampliar seu desenvolvimento, tornando seus produtos acessíveis a todas pessoas e setores, afirmou a superintendente da Susep, Solange Vieira. Ela vê as regras mais flexíveis de oferta de produtos, o uso de tecnologias, a redução dos obstáculos à entrada de novos players e o protagonismo dos corretores como colaborações importantes para o crescimento continuado da atividade.
Na ANS, seu diretor-presidente Paulo Roberto Rebello reconheceu que a pandemia trouxe ao setor de Saúde Suplementar consequências econômicas e sociais significativas e de desdobramentos futuros incertos. Há desafios estruturais, tendo em vista o processo de envelhecimento da população e a transição demográfica e epidemiológica, com prevalência das doenças crônicas não transmissíveis, ao lado do risco de novas doenças infecciosas, materializando danos significativos.
O presidente da Fenacor, Armando Vergílio, destacou que o mercado segurador demonstrou extraordinária resiliência durante o período mais agudo da pandemia e, já na fase de recuperação, apresenta taxas de crescimento acima das demais atividades. “O setor é moderno, ágil e cumpre muito bem o seu papel. O que precisamos é sermos adequadamente entendidos e compreendidos. O que precisamos, para continuar a crescer e decididamente ajudarmos a sociedade brasileira, é sermos ouvidos. Precisamos de diálogo construtivo, especialmente nós, corretores de seguros, para termos nosso papel e relevância reconhecidos”.
O balanço dos quatro segmentos de negócios do setor segurador, também feito neste painel, demonstra um viés de recuperação dos negócios mais acelerado neste ano, mas desigual entre os pares, inclusive no quesito despesas, mais proeminentes em Saúde Suplementar e Previdência e Vida.
Em Saúde Suplementar, porque a inflação médica dá saltos e a frequência de uso dos planos é crescente e, no caso de Vida, justamente por assumir coberturas extraordinárias e fora do escopo da proteção em condições normais de mercado e, nos planos de acumulação, pela devolução de reservas por óbitos de participantes ou resgates realizados no período de pandemia.
No ramo de Vida, as indenizações extraordinárias pagas por vítimas fatais de Covid totalizaram até agora R$ 4,6 bilhões, assinalou Jorge Nasser, presidente da FenaPrevi.
Na Saúde Suplementar, a recuperação em números de beneficiários se dá em um cenário de convivência com três grandes choques relevantes e simultâneos neste ano, segundo o presidente da FenaSaúde, João Alceu. Um é o atendimento dos casos de Covid. Essa demanda crescente é gerada pela segunda onda da pandemia e coincide com avanço dos procedimentos eletivos, que ficaram represados apenas no segundo trimestre do ano passado, mas sobem desde o segundo semestre de 2020. “O resultado disso é que, no segundo trimestre de 2021, observamos grandes operadoras com quase toda sua receita do período destinada às despesas assistenciais, com a taxa de sinistralidade ao redor de 90%, um recorde na história do setor”, relatou ele, para quem o choque de oferta de insumos e medicamentos, e risco de atualização de o marco regulatório no Congresso se desviar do curso, em vez de reduzir, onerar as despesas das operadoras e, em consequência, os valores dos planos.
No segmento de Danos e Responsabilidade, o presidente da FenSeg, Antonio Trindade, constata um ritmo de aceleração neste ano, já que o crescimento atingiu 15% e ultrapassou R$ 42 bilhões no primeiro semestre, beneficiado pela guinada digital e ajustes no marco regulatório. “Em tempos de desafios imensos no Brasil, o segmento de Danos e Responsabilidades é o parceiro para concretizar a agenda econômica e social do Brasil, ao proteger a população de riscos e desonerar o orçamento do Estado”, finalizou.
Os títulos de Capitalização continuam sua história de sucesso e superação no País depois de 92 de sua criação, avalia o presidente da FenaCap, Marcelo Farinha. “O momento inspira cuidados. Afinal, a mais pronunciada crise sanitária testemunhada pela nossa geração é desafiadora para a saúde das pessoas e das empresas. Retração econômica, desemprego, contração de renda e inflação alta produzem enormes desafios para o desenvolvimento dos negócios. Mesmo assim, a capitalização demonstra vitalidade. No primeiro semestre do ano, cresceu 8,4%”, destacou ele.